Aniversário TIBA: entrevista
A empresa valenciana TIBA é a principal empresa espanhola no sector dos transitários marítimos. Em 2014 continuou a sua estratégia de crescimento e facturou 165 milhões de euros. Conta com 614 pessoas distribuídas por 16 países e 41 escritórios, os últimos dos quais em Cancún «para ajudar a indústria hoteleira» e em São Tomé e Príncipe, um pequeno arquipélago e antiga colónia portuguesa frente à Guiné Equatorial. Javier Romeu, director geral adjunto da TIBA, explica alguns aspectos principais da expansão do grupo no seu 40º aniversário.
«Aspiramos a consolidar-nos como a multinacional espanhola do sector»
Entrevista a Javier Romeu, Director geral adjunto do grupo TIBA (31/03/2015)
– É o 40º aniversário da TIBA. Qual foi a sua génese?
J.R. – Fundou-a o meu pai há 40 anos dentro do processo de integração vertical desenvolvido pelo grupo Romeu desenvolveu, empresa familiar cuja direcção depende da terceira, quarta e quinta geração. A origem do nosso negócio remonta a finais do séc. XIX como agentes de navegação em Tarragona, onde representávamos as linhas marítimas quando faziam escala no porto. Dentro do grupo temos vindo a criar distintas empresas dentro do sector de transporte de mercadorias. O meu pai encarregou-se do âmbito de transitária e agente aduaneiro – o que a TIBA é na actualidade.
– Quando começa a expansão da TIBA?
J.R. – Nos anos 80 começa o crescimento da empresa em Espanha e, em finais dos anos 80 e princípios dos 90, assiste-se à expansão internacional para a Argélia, Portugal e México. A partir de 2000 damos o grande salto para a China, os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e América central: Panamá, El Salvador, Guatemala e Cuba. Desde 2013 estamos no Chile e na Argentina, dois países muito importantes. Actualmente estamos já em 16 países com escritórios próprios, queremos abrir dois ou três mais este ano e deveremos seguir este ritmo durante os próximos três ou quatro anos até chegarmos a 25 países em 2018. Queremos ampliar nossa presença com escritórios no Perú, Equador e Colômbia e, na América central, na Costa Rica, República Dominicana e Nicarágua.
– O que diferencia a TIBA de outros transitários?
J.R. – Somos o transitário espanhol com presença em mais países: devido a esta vertente de internacionalização creio ser justo afirmar que nos destacamos. Somos o transitário espanhol com maior presença no exterior: 40 % da nossa facturação provém, de facto, das filiais no estrangeiro. Aspiramos a consolidar-nos como a multinacional espanhola do sector. Para além do interesse para o accionista, esta dimensão dá confiança aos nossos clientes porque sabem que dependemos menos de terceiros ao trabalharmos com os nossos escritórios próprios num elevado número de países. Por outro lado, não concentramos os nossos esforços num tráfico ou mercadoria concretos, antes abarcamos praticamente qualquer necessidade de transporte. Ainda assim, desenvolvemos especializações em determinadas indústrias ou tipologias de clientes que requerem um serviço algo distinto. Por exemplo, o transporte de líquidos a granel, de produtos perecíveis, sanitários, do sector do vinho e da indústria hoteleira.
– Como se explica o crescimento de TIBA em tempos de crise?
J.R. – Sem dúvida que a nossa presença no exterior nos ajuda. Por um lado, a nossa facturação depende menos do consumo em Espanha. Por outro, podemos aproveitar melhor a alavancagem da exportação espanhola uma vez que a nossa acção comercial se realiza em paralelo aqui e no país de destino onde temos escritórios – deste modo, somos mais eficazes.
– Há pouco tempo a TIBA Espanha voltou a ser uma empresa integralmente espanhola…
J.R. – É verdade. Tivemos como sócio uma multinacional francesa (apenas na TIBA Espanha) durante 27 anos. O ano passado decidimos de comum acordo terminar a nossa aliança estratégica. Eles queriam estar estabelecidos com o seu próprio nome aqui e nós temos planos de crescimento incompatíveis com esta parceria. Compramos os seus 40 % e estamos todos satisfeitos.
– Tal deve ter um componente emotivo importante de orgulho familiar.
J.R. – Bem, prefiro vê-lo com humildade e perspectiva. O tempo o dirá. A TIBA é uma parte importante do Grupo Romeu e os accionistas fizeram um importante esforço económico para esta concretizar esta transacção. Contrariamente aquilo que todos fazem, compramos para continuarmos a crescer. E, nesse sentido, sinto-me realmente orgulhoso.
– Explique os serviços que a TIBA oferece na óptica daqueles que não conheçam o sector.
J.R. – Um transitário é como uma agência de viagens mas com mercadorias. A agência não possui autocarros, aviões, hotéis… E um transitário não costuma possuir nem navios nem aviões, mas aporta valor: ajuda, por exemplo, a exportar vinho para a China ou a importar brinquedos daí. Ajuda os clientes com todos os serviços que tornam mais eficiente a importação ou exportação nas vertentes logística e aduaneira.
– Em que tipo de serviços se especializaram?
J.R. – Em carga perecível com contentores ‘reefer’, tanto para produtos congelados como de frio positivo: vinho, chocolate, enchidos. Um dos nossos serviços especializados é a exportação de vinhos das zonas de Valência, Requena-Utiel e Alicante. Também fazemos importação de produtos cosméticos e sanitários, que vão desde muletas a um aparelho para ressonâncias magnéticas. Trabalhamos com fornecedores hoteleiros: alimentação, mobiliário, maquinaria e têxtil-lar. Temos igualmente muita carga de projectos (mercadorias sobredimensionadas) para empresas de construção e projectos de engenharia…
Fonte: diário online Las Provincias
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