Japão, Portugal e África
O primeiro-ministro japonês, quer apostar em África através de Portugal
Numa passagem por Lisboa, inserida numa viagem de nove dias à Europa, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, encontrou-se, no passado dia 9 de Maio, com o homólogo português, Pedro Passos Coelho, e manifestou a intenção do seu país requerer a participação como observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma pretensão que foi apoiada pelo chefe do governo de Portugal.
O Japão evidencia deste modo o interesse em estreitar relações com economias do continente africano, como Angola ou Moçambique, tirando partido das boas ligações diplomáticas que mantém com Portugal. Os dois primeiros-ministros afirmaram que “os respectivos países contam com um potencial geopolítico que possibilita o seu desenvolvimento como plataformas de expansão comercial para regiões particularmente dinâmicas, nomeadamente em África, na América Latina e na Ásia-Pacífico”.
Nesta reunião, Pedro Passos Coelho e Shinzo Abe firmaram também o compromisso de encorajar “os respectivos sectores privados a explorarem novas oportunidades de negócio”, confirmando ainda que os “investimentos mais recentes de empresas japonesas em Portugal representam um importante sinal de confiança na retoma da economia portuguesa”.
A agenda de Shinzo Abe na Europa: medidas económicas, relações de comércio e segurança
Sendo a mais longa viagem à Europa que Shinzo Abe já realizou no seu mandato, que começou em 2012, o primeiro-ministro visitou, nesta jornada, as três maiores economias do Velho Continente (Alemanha, Reino Unido e França), além de ter passado por Espanha, Portugal e Bélgica – em cuja capital Shinzo Abe se reuniu com Durão Barroso e Anders Rasmussem, líderes da Comissão Europeia e da NATO, respectivamente.
Com esta viagem, o primeiro-ministro japonês visou sobretudo promover a política económica interna, conhecida por “Abenomics”. Trata-se de um conjunto de medidas que tem como objectivo provocar estímulos monetários e orçamentais e implementar reformas estruturais para terminar com a deflação no país.
Por outro lado, com esta passagem pela Europa, Shinzo Abe quis tentar estimular as negociações de um acordo de comércio entre a União Europeia e o Japão. Além disso, como a China está a afirmar-se cada vez mais como uma potência regional, quer igualmente estreitar relações com parceiros europeus nas áreas de segurança. Note-se que Shinzo Abe tem posto em causa a limitação imposta pela Constituição do Japão que impede este país de ter um exército para além do necessário para a auto-defesa.
Fonte: Jornal de Negócios, 05/05/2014
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